Segundo matéria publicada hoje no Estadão, para tentar conter a alta da inflação, o governo sugeriu que o brasileiro troque a carne bovina por ovo ou frango, porque a carne foi a grande vilã da inflação neste período.
Os mais jovens não presenciaram cenas assim, mas eu não ouvia este tipo de discurso, exatamente desse jeitinho, desde a estabilização da economia em 1994. Antes disso, os preços aumentavam todos os dias, comendo o poder de compra da população. É o que chamamos de inflação.
Outro fator que deve estimular a escalada dos preços medidos pelo IPCA — que, nos últimos 12 meses, chegou a 6,75% — é a alta do dólar. Desde o início das eleições, a moeda norte-americana chegou a subir 12%.
O controle da inflação e a saúde da economia, de longe, são os maiores programas sociais possíveis de qualquer governo em qualquer lugar do mundo. Controlar a inflação e os fundamentos da economia são uma tarefa básica para qualquer governo ser considerado pelo menos razoável.
A razão é simples: se a economia do país vai bem, tudo vai bem. Se a economia vai mal, tudo vai mal, principalmente para os mais pobres. Em uma economia debilitada, qualquer medida assistencial se torna irrelevante, porque é imediatamente comida pela inflação.
Se você não está familiarizado com os conceitos básicos de economia, acredite: se a economia sambar, você samba junto e tudo que foi foi conquistado pelo país nos últimos 20 anos vai para o ralo.
Alguns, pelo momento eleitoral, tentam diminuir ou esconder a gravidade desta realidade e para desviar a atenção chamam este tipo de notícia de terrorismo econômico. Outros, os economistas e técnicos, chamam isso de educação e informação, já que o nível de conhecimento sobre o assunto no país é muito baixo.
Para mim, não importa qual seja o período, eleitoral ou não. O que importa é que a inflação começou a dar sinais de subida e o governo sugeriu a troca da carne por ovo.
Fazia muito tempo que eu não ouvia este tipo de discurso.
Por Flávio Augusto